O advogado e jornalista Marconi De Souza Reis se pronunciou em seu Facebook sobre a denúncia de ter chamado uma advogada de “cachorra”, em uma audiência no Juizado Cível de Lauro de Freitas, no dia 27 de outubro. Marconi Reis relata que naquele dia foi assistir a audiência com sua esposa, que também é advogada. Segundo ele, ao chegar ao fórum, avistou um policial que impediu uma moça de ir até a sala da Defensoria Pública por estar vestida com uma saia acima dos joelhos. Para ele, não havia motivos para a proibição. Sua esposa, conforme ele relata em formato de crônica, achou que o policial estava correto em proibir a entrada da jovem. Ao chegar à sala de audiência, ele diz que foi ver o mural onde constavam os horários de julgamentos. “Uma loirinha também se dirigiu ao local e, sei lá o porquê, queria saber quem era meu cliente. Eu não estava de terno – vestia calça jeans e camisa longa, apenas –, mas acho que ela me achou com cara de advogado! Nesse momento, minha esposa apareceu por trás de nós e disse à loirinha que a ‘nossa’ cliente era uma empresa de andaimes, cuja audiência seria às 15 horas. Para nossa surpresa, a loirinha afirmou que era advogada da parte contrária, ao que perguntei a ela se havia uma proposta de acordo. ‘Temos sim’, garantiu-me, convicta”, relatou o advogado. Após o contato, ficou definido que tudo seria acertado na audiência, e logo foram intimados. “Hesitei por um instante a entrar naquela sala, mas minha esposa piscou o olho com poética, como se fosse um anjo desejando eternizar mais uma página na minha vida polêmica. Não resisti ao chamado… Mas, assim que adentramos a sala, busquei logo um daqueles assentos postos na plateia para estudantes e curiosos”, contou. “A conciliadora – uma espécie de juíza leiga –, iniciou a audiência com o nariz mais empinado do que aquelas pipas vendidas nas praias. Incrível sua soberba…! Mas a verdade é que o conciliador e o juiz leigo são servidores públicos nas audiências, daí que devem ser tratados com respeito, sob pena de prisão por desacato”, diz. Ele prossegue dizendo que da cadeira onde estava sentado, percebeu “que a própria conciliadora não se dava ao respeito. Afinal, vi ali algo que não vislumbrei sequer no último domingo quando fui à praia com minha filha, qual seja, uma xoxota coberta apenas pela fina lã de uma calcinha! Na praia, o tecido do biquíni é muito mais espesso”.
O relato de Marconi sobre aquele dia ainda prossegue com mais adjetivos. “A verdade é que, por baixo da mesa da audiência, a minissaia da conciliadora sobressaia-se tão pista, tão puta, que até a estudante ao meu lado parecia incomodada com aquele triângulo gordinho exposto ao léu. E eu fazia de conta de que nada via, até porque temia que alguma câmera flagrasse meu voyeurismo judicial. E ninguém mais teria conhecimento daquela xoxota desprotegida, não fosse o fato de o Diabo escrever torto em linhas retas. Com efeito, o empresário virou-se várias vezes para me olhar durante a audiência, quando expunha suas alegações, como se eu fosse parte no processo”. Marconi diz que chegou a falar que não era advogado no caso e que, após se pronunciar, a “conciliadora ergueu o braço rispidamente em minha direção – num estilo hitleriano –, mandando que eu me calasse porque a audiência estava sendo gravada”. Depois disso, afirma que permaneceu calado na sessão. O advogado ainda diz que quando a conciliação já estava consumada, o empresário da outra parte pediu para que constasse em ata apenas o nome da pessoa física, deixando sua empresa de fora. Diante do pedido, acenou com o dedo indicador para que a esposa não permitisse isto em ata. “Ao ver a cena, a conciliadora rodou a baiana, ou melhor, subiu naquele palco da arrogância – típico do teatro da magistratura –, revelando o que ela seria um dia, caso se tornasse uma juíza de toga. Isto é: ela desligou o dispositivo que gravava a audiência e, com o dedo em riste, ordenou-me a sair da sala imediatamente. ‘Saia, agora’, gritou”, relata. Marconi dos Reis diz que nunca em sua vida foi tão humilhado, nem quando era jornalista. Ele chega a relatar que teve vontade de “apalpar o seu pescoço” da conciliadora. “O problema é que, neste caso, eu iria acabar no banco dos réus do Tribunal do Júri”, pontua. Ainda na postagem, ele diz que chegou a chamar a conciliadora de “chatinha”, e que essa era a máxima ofensa proferida antes de sair da sala. Na saída do fórum, ele encontrou o policial que havia barrado a moça de minissaia. “Lembrei-me na hora da calcinha da conciliadora, ou melhor, senti uma enorme indignação com a balança da Justiça, que até nas minissaias mede o tamanho do pano com pesos distintos”, afirmou. Ele ponderou que uma “mulher humilde, de pele morena, foi impedida de entrar ali por causa da saia curta; agora, a conciliadora bonitinha, branquinha, essa sim, pode mostrar a calcinha”. Ele diz que com sangue nos olhos, subiu as escadas e retornou a sala de audiência. Foi aí que proferiu a ofensa direta a advogada. “Eu estava vendo a sua calcinha dali, por baixo da mesa de audiência. Você deveria vir com uma roupa mais condizente com o seu cargo. Cachorra!” Ele diz que sabia que o “adjetivo canino” iria lhe custar uma ação judicial por dano moral. Ele também revela que sua esposa contou seu nome e seu registro da OAB para advogada e ali mesmo a orientou a fazer uma queixa-crime. “Para minha sorte, porém, tem poodle que caga e se suja com as próprias patas”, continuou. “Logo após a audiência, a conciliadora infringiu os artigos 139 e 345 do Código Penal, isto é, recortou a gravação no trecho que lhe interessava (onde só consta a minha última frase), e jogou o áudio no WhatsApp, acompanhado da fotografia do meu registro na OAB, além desses comentários, que reproduzo na íntegra: “Atenção Pessoal! Este “advogado” chamou uma conciliadora de cachorra em plena audiência, na frente de outros presentes, inclusive. O fato ocorreu no dia 27/10, no juizado de Lauro de Freitas. O nome do advogado é Marconi de Souza Reis. Para azar dele, a situação foi gravada e o áudio é claro: ‘eu tava vendo a sua calcinha dali ó, por baixo, vc deveria vir com uma roupa mais composta, cachorra!!’. Repassem para todos os conhecidos para que saibam quem é este cidadão deplorável, que mancha a imagem da advocacia, e para que as autoridades apurem o fato, com a devida punição. Segue, em anexo, registro da OAB e áudio da injúria cometida”. Marconi afirma que no dia seguinte recebeu diversas ligações sobre o áudio que o acusava de machismo. Na postagem, Marconi admite que cometeu o crime de injúria contra a conciliadora, mas diz que ela cometeu um crime mais grave, a da difamação. “A exposição do áudio é ridícula na internet, porque a minha ofensa revela, por si só, a existência de uma longa história por trás daquela boceta desguarnecida!”. Ele ainda conta que após a divulgação do áudio, soube que a conciliadora é “uma filhinha de papai mimada, que se formou em Direito no final do ano passado e vem agindo com muita arrogância com os advogados nas audiências do Juizado de Lauro de Freitas”. Ao final, o advogado conta que sua esposa mudou de opinião, após ver a conciliadora tentar “fazer justiça com as próprias mãos”.
Por Cláudia Cardoso/BN
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