Não podemos negar que o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (UB), é um dos maiores oradores do país, entretanto, o excesso de eloquência e/ou estratégias passam despercebidos.
No lançamento de sua pré-candidatura ao governo da Bahia, nesta manhã de quinta-feira (02), no Centro Convenções de Salvador, Neto chegou a exaltar e reconhecer “humildemente” um avanço nos 15 anos de governo petista no estado, onde foi aplaudido pela militância.
Após reconhecer o avanço no governo dos adversários, o ex-prefeito ratifica o que todos já sabem: a Bahia é campeã em homicídios e lanterninha na educação. Avanço ou retrocesso?
Acredito que não seja um deslize no discurso, mas sim uma estratégia, por sinal arriscada, em não radicalizar o discurso para não se afastar do eleitorado baiano simpático ao esquerdismo que, ainda, predomina no estado, mas pode estar com os dias contados.
Neto quer se posicionar como um candidato apaziguador, técnico, anti-radicalismo, enfim, um centrão alinhado mais à esquerda, acreditando que o bolsonarismo baiano não vai atrapalhar seus planos.
O ex-prefeito, com toda a sua experiência, acredita que a eleição de 2022 não seja nacionalizada, como não foi em 2012, ao vencer a prefeitura de Salvador.
O pré-candidato ao governo do estado compara uma eleição municipal vitoriosa em 2012 contra um então prefeito rejeitado [João Henrique], com uma eleição estadual em que terá como concorrente um ex-governador e atual senador como adversário, Jaques Wagner, e dois grandes cabos eleitorais com alta aprovação, Rui e Lula.
Mesmo liderando a disputa, não será fácil para Neto enfrentar uma máquina do estado e federal, contudo, ou alinha o discurso, ou pode ser engolido na campanha.