A facção do Comando Vermelho (CV), que ocupou o bairro de Mirantes de Periperi, já manda avisos para moradores a partir da sua instalação no local. Em um dos ‘informativos’ da organização, entretanto, criminosos revelaram um plano maior a partir da chegada em Mirantes: a ocupação de outros bairros do Subúrbio Ferroviário, na sequência. Entre eles, há destaque para Plataforma, citado no fim de uma mensagem que circula entre moradores de Mirantes.
“População, vocês que não entram em nada, fique em casa porque vamos botar terror. Nós vamos para cima na força do ódio. Vocês aí, que estão passando fome nessa gestão, a hora é essa, o muro está baixo. Podem vir na pureza que vai ficar. Se não quiser, tem nada não, nós matamos vocês tudo. O recado está dado, Plataforma vai vermelhar”, declara o CV em mensagem. A facção carioca, entretanto, afirma que a guerra é direcionada ao Bonde do Maluco (BDM), que atua na região.
Em outubro do ano passado, Plataforma foi palco de tiroteios entre as duas facções na Rua dos Araçás em plena luz do dia. O episódio provocou a interrupção de atividades escolares, bem como o esvaziamento das ruas. Naquela altura, em 10 meses, o bairro tinha registrado 19 tiroteios, 12 mortes e duas pessoas feridas pela violência armada, de acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado.
Naquela época, antes do registro à luz do dia, traficantes do BDM e do CV trocaram tiros por dois dias consecutivos, de acordo com relatos de moradores ouvidos na época pela reportagem. Uma moradora, que preferiu não se identificar, deu detalhes do confronto.
“Chegaram numa segunda e já começou o pipoco. Naquele dia, foi por volta das 22h, bem mais tarde. Na terça-feira, dia seguinte, aconteceu às 19h, e todo mundo entrou em pânico porque foi muito mais cedo e ainda tinha gente na rua. Os homens que vieram de fora [CV] ficaram escondidos no mato lá de cima, perto das bananeiras para trocar tiro com quem é daqui [BDM]”, explicou ela na época.
Uma fonte da polícia, que prefere não se identificar, explica por que o CV tenta olhar para os outros bairros após a chegada de Mirantes. “Estamos falando de uma ação simbólica, em que o CV enviou diversos homens para o bairro com armamento pesado e até granadas. Além desse demonstrativo de força, se de fato conseguirem ficar como único grupo no local, eles passam a atuar em um bairro estratégico, que fica no alto e com saída rápida para diferentes áreas do Subúrbio”, fala.
A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) não entra em detalhes ou nomeia os grupos que estão em conflito, mas garante que atua em Mirantes para acabar com os confrontos.
Informações Correio