Integrantes da PF diretamente envolvidos na ofensiva contra facções do crime organizado na Bahia – na prática, uma intervenção federal na segurança pública do estado – temem outra onda de violência após o fim da ação em bairros de Salvador dominados pelos traficantes. Em conversas reservadas com a Satélite, delegados da PF destacados para atuar no combate ao narcotráfico da capital afirmaram que, apesar dos avanços obtidos nos últimos dias, não viram quaisquer ações do governo baiano para reforçar a segurança dessas localidades ou planos para ocupá-las através da maior oferta de serviços públicos nas áreas de educação, qualificação profissional e assistência social.
Noves fora, zero
“Nas reuniões diárias de avaliação, sempre nos perguntamos qual o planejamento do governo do estado e o que ele pretende fazer quando formos embora. Estamos diminuindo o poderio de cada facção nos bairros, mas a realidade continua a mesma. Até o policiamento permanece igual ao de antes”, desabafou um dos delegados da PF envolvidos no cerco.
Sozinho na praça
Policiais federais ligados à força-tarefa montada para contra-atacar as facções do estado garantem que vêm obtendo resultados importantes na ofensiva, com prisões em série e fuga em massa de lideranças do crime organizado, mas se queixam da ausência de políticas públicas por parte do governo da Bahia para o período pós-intervenção velada. “Embora Marcelo Werner (chefe da SSP) se mostre 100% empenhado em concretizar ações efetivas para elevar a segurança nas comunidades atingidas pela criminalidade, ele e seus auxiliares estão sozinhos nessa missão”, ressaltou outro delegado federal graduado.
Além da guerra
Em compasso simultâneo, fontes da PF ouvidas pela coluna destacaram ainda que têm lutado sem tréguas junto à cúpula da corporação e do Ministério da Justiça em Brasília para manter, pelo menos por mais três meses, a estrutura destinada a enfrentar o galope da criminalidade na Bahia. Porém, admitiram dificuldades em estender as ações por mais tempo. Sobretudo, quanto ao uso dos quatro veículos blindados, helicóptero e grupos táticos da PF enviados recentemente do Distrito Federal e do Rio de Janeiro.
Pela culatra
O governo Jerônimo Rodrigues (PT) deu um tiro no pé do partido ao pedir a devolução do espaço cedido ao Complexo Escuta Protegida, criado pela prefeitura de Vitória da Conquista e apresentado pela Unicef como modelo na proteção de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de casos de violência. Embora tenha deslanchado nas gestões de Herzem Gusmão (MDB) e Sheila Lemos (União Brasil), o projeto foi inaugurado em 2015, durante a administração do petista Guilherme Menezes.
Mesma turma
A chapa da presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren), Giszele Paixão, não é apoiada pelo PT na disputa para comandar a entidade. Rival de Giszele, o enfermeiro Davi Apóstolo também recebeu a adesão de um prócer da sigla: o senador Jaques Wagner.
Por Jairo Costa Jr. – Coluna Satélite do Correio da Bahia