No último sábado (09), às 10 horas, na Paróquia de Sant’Ana do Rio Vermelho, em Salvador (BA), ocorreu uma missa seguida de duas palestras para o lançamento público da Frente Católica da Bahia. O primeiro a discursar foi o professor e catequista Iago de Carvalho, da Arquidiocese de Feira de Santana, abordando sobre três momentos históricos de protagonismo do povo baiano em defesa de seus direitos e liberdades: a Independência do Brasil na Bahia com a feirense Maria Quitéria; Canudos no Sertão Baiano, em finais do século XIX, liderado por Antônio Conselheiro; e a Reação Sertaneja, no início do século XX, sob o comando de Ruy Barbosa e Horácio de Mattos, este sendo chefe da Chapada Diamantina. Concluindo o evento, Luís Tourinho, bacharel em Economia e mestrando em Educação, discursou acerca da marginalização sofrida pela Igreja Católica na Bahia e no Brasil nos últimos tempos, de forma especial nas escolas, universidades e política. Em razão disso, com a conscientização dos jovens católicos, inclusive baianos, e atendendo ao chamado do Papa Francisco por uma Igreja que “vai além de seus muros” e que atue na política como “uma forma mais alta, maior, de caridade”, foram anunciadas as pré-candidaturas de Iago de Carvalho e de Luís Tourinho, deputado estadual e deputado federal, respectivamente, a fim de representar e defender os direitos da Igreja e dos católicos.
O evento contou com a presença de católicos de diversas áreas, como o Padre Ângelo Magno, pároco da Igreja de Sant’Ana do Rio Vermelho, presidente da celebração; Padre Cleiton Alencar, pároco da Igreja São Paulo Missionário; Padre Edson Baraúna, capelão da Igreja Jesus, Maria e José, e decano da Arquidiocese; Diácono Pedro Serra, secretário da Escola Diaconal da Arquidiocese de Salvador; Aurélio Schommer, servidor da Receita Federal e ex-membro do Conselho Estadual de Cultura; o advogado e membro do Conselho Econômico e Fiscal da Devoção do Senhor do Bonfim Daniel Marback; Márcio Pedreira de Cerqueira, Diretor Financeiro da Ordem Terceira de São Francisco.
A iniciativa surgiu de um grupo de amigos católicos no meio universitário soteropolitano, tendo como preocupação maior a educação; porém logo perceberam que a influência do Estado na área educacional é tão imensa que chega a ser nociva e hostil ao cristianismo. Tendo isso em vista, o grupo decidiu ingressar também no campo político, adotando integralmente os princípios e valores da Doutrina Social da Igreja (DSI). Desde o início de 2020, católicos das vinte e três dioceses das mais variadas idades, carismas, classes sociais e vocações vêm aderindo à proposta, construindo pontes e consolidando assim um movimento, havendo como centro a fé católica.
Ao final, Luís Tourinho anunciou que a Frente elaborará, ao longo dos próximos meses, um documento contendo as pautas e demandas dos católicos que será publicado no primeiro semestre do ano que vem, tendo em mente as eleições gerais. A Frente convoca todos os católicos a tomar parte do ressurgimento do catolicismo na esfera pública da Bahia, dando o testemunho da sua fé neste momento decisivo e crítico da história do nosso país.
Tourinho iniciou com a frase Cor ad cor loquitur (“o coração fala ao coração”), do Cardeal inglês Henry Newman, discorrendo sobre como a iniciativa surgiu anos atrás até o momento presente Citou também a frase do poeta britânico T.S. Eliot “Foi a humanidade que abandonou a Igreja ou foi a Igreja que abandonou a humanidade?”, a fim de mostrar que se antigamente ocorria o primeiro, nos últimos tempos os católicos abandonaram a humanidade por terem vergonha de sua identidade, vergonha de Cristo. E é isso que devemos mudar.
Durante a fala mencionou Santo Agostinho, como uma das frases que norteiam a Frente: “No essencial, unidade; na dúvida, liberdade; em tudo, caridade. ”