A partir desta terça-feira, 1º, quem utilizar o serviço de táxi em Salvador terá que desembolsar 39,7% a mais. Isso porque, durante todo o mês de dezembro, os taxistas poderão utilizar a bandeira 2 a qualquer hora do dia.
A bandeira 1 custa R$ 2,19 por quilômetro rodado, enquanto a 2 tem valor de R$ 3,06 – aumento de R$ 0,87. Já o preço da bandeirada (R$ 4,35) não é alterado durante o período.
A medida, que vem sendo adotada desde 2006, é considerada uma forma de garantir o 13º salário dos taxistas, que são trabalhadores autônomos e não recebem o benefício. Segundo a Associação Metropolitana dos Taxistas (AMT), a renda dos profissionais costuma aumentar entre 30% e 40% durante o mês de dezembro.
Nos dias úteis, de janeiro a novembro, a bandeira 1 é aplicada das 6h às 21h, enquanto a 2 é cobrada nos demais horários. Aos sábados, a partir das 14h, e aos domingos, quem utiliza o serviço tem que pagar R$ 3,06 por quilômetro rodado.
“É uma conquista para a categoria, uma forma de nós ganharmos nosso 13º e aumentar nossa renda nesse período, quando circula mais dinheiro na cidade”, pontua o presidente da AMT, Valdeílson Miguel dos Santos.
O presidente do Sindicato dos Taxistas de Salvador (Sinditáxi), Carlos Augusto Ramos, afirma que a “renda extra” é utilizada para cobrir os custos dos profissionais para a manutenção do serviço.
“Melhora o orçamento, mas não é um grande impacto. Foi um ano com sucessivos aumentos, pelo menos cinco, no valor dos combustíveis durante este ano, além dos custos de manutenção preventiva realizada nos veículos”, explica ele.
Valdeílson conta que a bandeira 2 durante todo o mês de dezembro é, ainda, uma forma de “acumular uma gordura” para o período após o Carnaval. “É quando o número de corridas tende a diminuir, os turistas vão embora, as festas diminuem, as pessoas estão com menos dinheiro”, comenta.
Crise econômica
Mesmo com a crise econômica nacional, os taxistas acreditam que a medida vai aumentar o orçamento neste mês. O taxista Nailton Santos, 54 anos, há 25 na profissão, faz uma previsão menor do que a AMT em relação ao aumento do faturamento no período: 20%.
“É quando tem mais turistas andando na cidade, mais festas e as pessoas recebem o 13º. Mesmo com a crise, as pessoas não param de comprar e, com a insegurança nos ônibus, andam de táxi”, diz ele.
O aumento do combustível é uma dos principais argumentos adotados pelos taxistas para justificar a medida. “Nossa tarifa é a mesma desde o ano passado, enquanto o combustível teve diversos aumentos em 2015”, lembra o taxista Wellington de Jesus, 47 anos. O estresse no trânsito por conta dos congestionamentos e insegurança também são argumentos utilizados por eles.
População
Se por um lado a medida agrada aos taxistas, por outro provocou descontentamento dos usuários do serviço. “Já pagamos muito caro por esse serviço em Salvador. Agora, vai ficar ainda mais oneroso pegar um táxi, que é importante numa cidade com transporte público ruim como a nossa. Isso pode afastar a população do táxi”, acredita o contador Jackson Leal, 57.
A pedagoga Shirlei Ferreira, 46, por outro lado, concorda com a medida. “O taxista sofre muito nessa cidade, com a insegurança e os congestionamentos, que geram muito estresse. É uma forma de aumentarem a renda”, diz ela, que é filha de um taxista.
A baiana Maria da Conceição, 50, e o aposentado Leônidas Machado, 74, se dividem em relação ao assunto. Enquanto a primeira discorda da cobrança diferenciada em dezembro, o segundo é a favor. “Em tempos de crise, não acho certo cobrar a mais. O desemprego está alto, as pessoas já têm muitos gastos”, diz ela.
“Eles não têm 13º. Nada mais justo do que cobrarem a tarifa 2 durante todo o mês. O serviço é importante, quem precisar, vai usar”, rebate Machado. Conteúdo Atarde.
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